A gente sabe quando se apaixona e minha queda por Belo Horizonte segue crescendo muito latente – lá tem tudo que eu amo: gente mineira, comida mineira e bom gosto. Passei muito bem uns seis dias por lá, rodando e comendo pelo centrão e posso dizer que não fiquei sem inspiração uma vezinha sequer. Comi mexidões, farofas, caldos, milhos, cafés, broas e pães de queijo ad infinitum. Aliás, no que tange ao pão de queijo, assunto seríssimo por lá, qualquer um que você encontra em qualquer esquina vai ser nada menos que ótimo, não tem erro. Aqui os altos foram sempre muito altos e os baixos nunca tão baixos, porque se você erra o ônibus pra Pampulha e vai parar numa estação aleatória, lá existirão três enormes pães de queijo vendidos a cinco pequeninos reais. E há sempre a volta.
Se Carrie Bradshaw diz em Sex and the City que em Nova Iorque você está sempre procurando por um apartamento, um namorado ou um emprego, Amélia Janta diz que em Belo Horizonte você está sempre procurando por um xeque mate, um PF ou um pão de queijo. Isso, claro, dizendo como boa jovem e turista que sou.
Coisas boas da estadia
Domingão na feira e picolé de milho verde xuxado na hora no baldinho de chocolate quente diretamente do Parque Municipal. Milho verde será sempre o melhor sabor de sorvete, juro, o fundinho salgado de manteiga sempre me emociona.



Pirex
Caprese de abobrinha, risoles de milho e frango à passarinho no Pirex, donos da melhor estufa da cidade, que muito pelo abuso de horários em nosso atraso dominical se encontrava vazia; sinal também do merecido sucesso. Lá tá sempre bom.
Mineirinho I
Emblemático PF do Mineirinho I – o restaurante que já virou memória afetiva, porque ao fim de todo show que fizemos em BH a melhor ideia sempre foi comer uma janta completa às 2h49 da madrugada. Dessa vez almoçamos por lá e tudo continua impecável, incluindo o preço de R$23,50 por uma refeição para dois. Chega a ser loucura comer tanto e tão bem e no final das contas desembolsar a quantia de R$11,75 pelo prato.
Cozinha Tupis
É muito respeitável e compreensível o amor da cozinha mineira pelo milho, sou uma grande fã e entusiasta de todas as roupagens possíveis. Esse aí da Cozinha Tupis nos chega num tempurá coberto com molho béarnaise e parmesão. Uma coisa lindíssima que não insisto nem na explicação. Preciso mencionar também o copinho de “Rubra” que aparece no canto superior esquerdo dessa humilde, mal enquadrada foto, que é um famoso drink amarguinho e refrescante – negroni para uma juventude que ainda insiste em cuidar das papilas gustativas. Adoro a onda de BH de enlatar seus classiquinhos autorais.
Pacato
Fui no Pacato sem acreditar que estava indo no Pacato. Papo de restaurante que saiu em décimo primeiro na lista dos cem melhores do Brasil. Uma honra presenciar a comida preocupada, calorosa, intrigante, de inúmeras horas de execução, de muita pesquisa do Caio Soter – foi a minha primeira vez num restaurante chique no último e que sorte que foi aqui, para ver os mil desdobramentos de uma cultura que de fato me toca, essa da comida caipira. Mil e um obrigadas ao meu amigo Vitor Velloso que aguentou a minha encheção de saco e me botou lá dentro de zói brilhando. Tudo tudo tudo impecável, comida e serviço – saí de lá abaladíssima, meio mudada.





Nimbos
O canto do cisne belorizontino foi no Nimbos, um canto com lanches arrebatadores e as batatas mais crocantes da região. Comida descolada, bem servida e caprichosa do Luli, que além de ótimo cartunista é um grande explicador dos porquês do endro dill ser muito importante na composição de uma conserva.
Numa outra nota, fiquei feliz em reencontrar amigos que quero muito bem, Camila, Júlia, Isadora, Débora, João, Filipe, Vitor e uma penca de gente maravilhosa que a gente abraçou pelo caminho. Agradeço aos meus parceiros de banda e à Clara Bicho pelo grande show que deu início a este belo tour gastronômico, e também pela volta na roda gigante; ao meu lado nessa grande roda, nas andanças e comilanças, o último pedaço de obrigada, com a cereja do bolo, à Nina.
Comentaram em uma das minhas fotos dessas mil comidas o pedido “para de comer por favooooor”, mas não dá, a fome da experimentação nessa cidade é insaciável. Ainda não provei o Kaol do Palhares, o café de quitandas do Copa Cozinha e qualquer coisa muito linda do Birosca S2, percebe-se que tenho de voltar rapidamente. Me fez muito feliz encontrar lá, viva e pulsante, essa paixão por contar a história da mineiridade por meio da comida, num espectro muito amplo que caminha, salta e atravessa entre elegância e rusticidade, tradição e inovação. BH é um quintal de vó. <3
Uma nota delíciosa de ler